terça-feira, 16 de março de 2010
Não vou receber a vacina contra a gripe A! E agora?
Não sou índio, não trabalho nos serviços públicos de saúde e educação e tenho mais de 39 e menos de 60 anos. Sou, portanto, um discriminado quando se trata de ter acesso à vacina contra a gripe suína, ou gripe A, que está sendo aplicada gratuitamente pelo governo federal. Meu consolo é que milhões de brasileiros estão na mesma situação. Pelo que o próprio ministro da Saúde informou, metade da população será imunizada.
A jornalista Cristiane Segatto, que tem um blog sobre saúde no site da revista Época, e ela própria é exemplo de boa - e bela - saúde, é um de nós - brasileiros que estão na metade que não receberá a vacina gratuita. Isso é preocupante? Vejam o que diz Cristiane:
"Perceber que sua vida vale menos que a dos outros nunca é agradável. Foi o que senti ao tomar conhecimento dos grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Faço 40 anos em abril. Os adultos saudáveis de 30 a 39 anos receberão a vacina a partir de 10 maio. Por apenas 19 dias, perdi a chance de ser vacinada.
"Sim, considero que não tomar uma vacina é uma perda. Das grandes. Principalmente quando a dose está disponível gratuitamente. As vacinas são uma enorme conquista da Humanidade. Podemos dividir a história da luta da espécie humana pela sobrevivência neste planeta em dois momentos: antes e depois da invenção das vacinas. Se hoje podemos sonhar em viver 100 anos, devemos agradecer aos cérebros que criaram formas de imunização contra tantas feras microscópicas."
A jornalista pesquisou para ver se vale a pena comprar a vacina numa clínica ou hospital particular. E chegou à conclusão de que não vai comprar essa vacina. "Ainda não me convenceram a embarcar no bonde do pânico."
De acordo com Cristiane Segatto, o vírus da gripe suína não é mais letal do que o da gripe comum, que enfrentamos todos os anos. A principal diferença é que os casos graves, com comprometimento dos pulmões, foram registrados entre os adultos jovens.
Ela explica melhor:
"O fato é que o H1N1 não era tão perigoso quanto poderia ter sido. E, de lá para cá, parece ter sofrido uma atenuação. O índice de morte entre os infectados é inferior a 1%. Assim como ocorre com a gripe sazonal de todos os anos. Todos os anos havia mortes por gripe. A diferença é que elas não eram notícia.
"Os especialistas acreditam que no inverno de 2010, o Brasil terá uma situação mais tranquila do que no ano passado. “Se já não havia razão para pânico em 2009, agora há menos ainda”, diz o infectologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
“Estima-se que até um terço da população brasileira tenha pego o vírus no ano passado. Essas pessoas não terão gripe nem transmitirão o H1N1”, diz Kallás. Além disso, o Ministério da Saúde espera vacinar 96 milhões.
"Ou seja: a probabilidade de que eu pegue esse vírus neste ano é bem mais baixa do que no ano passado. Se eu for infectada, o risco de que eu sofra alguma complicação mais grave também é baixíssimo...
"Se eu pegar o H1N1, é provável que eu sinta mal-estar durante uns dias ou caia de cama. E, uma semana depois, esteja pronta pra outra. Há outra possibilidade: talvez eu já tenha pego esse vírus e nem tenha percebido. Não há razão, portanto, para que eu compre essa vacina numa clínica particular. É bom lembrar que a eficácia das vacinas é de cerca de 80%. Ou seja: posso gastar dinheiro com ela e, mesmo assim, pegar gripe. Não me parece um bom negócio para uma pessoa que tem baixíssimo risco de sofrer complicações graves decorrentes desse vírus."
Finalizando: este blog não está recomendando que as pessoas com mais de 39 e menos de 60 deixem de tomar a vacina contra a gripe suína. Se puderem, melhor tomar. E não deixem também de tomar a vacina contra a gripe comum. Fica aqui registrada a opinião de uma jornalista especializada que garante: não há motivo para pânico. Valeu e até a próxima.
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