"Folha" censura imagem de estudantes

A "Folha de S. Paulo" cobriu a visita de estudantes do Colégio Bandeirantes de São Paulo a Brasília, no último sábado. O grupo visitou o Palácio da Alvorada, onde mora Jair Bolsonaro. A molecada chamou pelo presidente, que apareceu pra conversar. E tirou foto. Dois dos 25 jovens fizeram o gesto de um "ele" com a mão, que vem sendo usado como símbolo de "Lula Livre". Legal, não houve unanimidade que, como sabemos, é burra. Só não deu pra entender por que o jornal borrou os rostos dos alunos. Até onde sei não são menores infratores, muito pelo contrário.

                                                                  

Diz o texto do jornal: "Segundo relatos, além dos dois alunos que saíram em posição divergente, um grupo de quatro a sete meninas se recusou a aparecer no retrato. Algumas teriam chorado diante do incômodo com a situação." Bom, então quem decidiu tirar a foto com o Bolsonaro concordou plenamente com isso. Abaixo tem o texto completo da reportagem.

https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/05/viagem-que-terminou-com-foto-de-bolsonaro-integrava-atividade-do-colegio-bandeirantes.shtml

De volta à arena digital

Voltando à ativa depois de um bom tempo, quero usar esse espaço para pensar, falar, comentar, opinar,  não só  sobre os temas que interessam aos  maiores de 50 mas sobre o momento que vivemos nesse país. Na verdade, nós, os maiores de 50, temos uma grande responsabilidade, mesmo porque o Brasil em que vivemos hoje não é exatamente aquele pelo qual lutamos quando tínhamos menos de 30, quando éramos  jovens  (se bem que, de certa forma, continuamos jovens, apenas somos jovens há mais tempo). 

"Trabalho com inspiração para decidir o que filmar, criação para executar o filme e compartilhamento, para levá-lo ao público"

Mas, por enquanto, quero marcar esse retorno com uma dica de filme que está em cartaz e que diz muito sobre o talento dos artistas visuais. Trata-se de "Varda por Agnès", conduzido e dirigido pela artista belga que morreu aos 90 anos no fim de março deste ano. Eu não conhecia muito sobre ela até assistir seu último filme, "Visages, Villages", de 2017, ano em que ganhou um Oscar honorário pelo conjunto da obra.

Foi diretora importante da Nouvelle Vague, movimento francês a partir dos anos 1960 em que jovens diretores transgrediam regras clássicas do cinema comercial. Varda se alinhava com cineastas consagrados como François Truffault, Jean Luc-Godard e Claude  Chabrol, só pra citar alguns.

De cineasta consagrada passou a produzir instalações artísticas criativas e de certa forma revolucionárias,  como precursora de manifestações que vemos nas bienais de arte e em institutos pelo mundo todo. Quem gosta de cinema não deve perder.

Maiores de 50 na telona do cinema

A programação de cinema de São Paulo anda generosa com os maiores de 50. Vários filmes que têm personagens mais experientes, digamos assim, estão ou estiveram há bem pouco tempo em cartaz. Um dos mais interessantes foi exibido no 18o Festival de Domentários, É Tudo Verdade.

Forget Me Not (Não Me Esqueça), foi produzido e realizado pelo alemão David Sieveking, tendo como pano de fundo a progressiva deterioração física da mãe, acometida pelo Alzheimer (fotos do casal de professores alemães bonitos e jovens, e décadas depois, com o filho e diretor atrás, captando o áudio). Mais informações sobre o filme podem ser encontradas no link http://vergissmeinnicht-film.de/en/

Fica aqui uma sugestão aos organizadores do É Tudo Verdade: uma seleção dos melhores filmes - na qual este Não Me Esqueça faria parte, com certeza - deveria ser programada para ficar um pouco mais em cartaz, para que um público maior tenha a oportunidade de assistir a produções que, sem essa iniciativa, dificilmente terão a oportunidade de ver.

De qualquer forma, ficam aqui outras sugestões de filmes que mostram com humor e elegância a vida de quem tem mais de 50 e estão em cartaz nos cinemas de São Paulo e em diversas outras cidades e capitais do país: "Vocês Ainda Não Viram Nada", de Alain Resnais; "Juan e a Bailarina", filmado na Argentina e dirigido pelo brasileiro Raphael Aguinaga; "Amor", de Michael Haneke, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano; "Francisco Brennand", documentário sobre o artista que vive em um misto de oficina e museu a céu aberto no Recife e "O Quarteto", primeiro longa dirigido pelo ator Dustin Hoffman.

Enfim, a luz de outono chegou

Quase um mês depois do início oficial do outono, a luz característica dessa estação se apresentou sobre São Paulo. Os fotógrafos conhecem bem essa luminosidade, que banha pessoas e coisas com uma luz focada porém branda, ótima para fotografar, filmar ou gravar imagens em vídeo.

A foto deste post foi tirada de uma janela de casa e, apesar do espaço contido, dá pra perceber do que estou falando. Foi um presente, essa luminosidade, justamente no dia em que soube da médica dermatologista que tenho no rosto um pequeno carcinoma basocelular de padrão sólido, que terá que ser totalmente removido. Embora seja maligno, normalmente não apresenta metástase e pode ser curado com certa facilidade se tratado no início, como parece ser o caso.

Segundo os especialistas, esse carcinoma basocelular, conhecido no jargão médico como CBC, é um câncer de pele relativamente comum em pessoas de pele clara, especialmente homens com mais de 40 anos que tomaram muito sol na juventude. E este foi exatamente o meu caso. Nos anos 1960 e 70 não se falava tanto nos riscos da exposição solar, e eu ficava na piscina tomando sol sem qualquer proteção.

Agora é hora de acertar as contas com os exageros da adolescência. Pelo menos, a insolação dos últimos anos tem sido evitada com o uso frequente de protetor solar, inclusive no dia-a-dia, hábito que recomendo pra todo mundo e não só quando se está na piscina ou na praia. E com esta postagem retomo a colaboração aqui para o blog.

Artistas não envelhecem jamais

Os artistas são eternos, a depender das fotos de divulgação que são publicadas nos folhetos de divulgação de eventos. Alguns realmente são. Mas aqui me refiro às imagens utilizadas para ilustrar os libretos, como os do Bridgestone Music Festival, realizado semana passada em São Paulo.

Vejam, por exemplo, a foto aí ao lado, que eu tirei no sábado, da apresentação do Don Byron, saxofonista e clarinetista americano, um dos melhores da atualidade no jazz. E dêem uma olhada no site do BMF: http://www.bridgestonemusic.com.br/
Byron deve ter uns 10 anos a menos, no mínimo. Reparem também na Melissa Walker, sorridente e novinha. Pois quem se apresentou foi uma ótima cantora, porém mais parecida em estampa com a nossa Alcione.

Isso que é rejuvenescimento "de boa". Nada contra: eu mesmo estou separando uma foto de uns 15 anos atrás, pra ilustrar o convite para meu próximo sarau. Em tempo: vi quatro shows do Bridgstone Music Festival, na quinta e no sábado, e saí muito satisfeito. O ponto alto foi a apresentação do pianista Ahmad Jamal, com 78 anos, uma das - cada vez mais raras - lendas vivas do jazz.

Lindas advogadas
Uma nota, mesmo atrasada em duas semanas: as misses que disputaram o Miss Brasil não são mais majoritariamente estudantes de jornalismo e sim de direito. Teremos, em breve, lindas advogadas nos tribunais. Outra mudança: como o evento se tornou comercialmente muito mais interessante, as garotas realmente bonitas - que atendem como modelos - agora disputam os torneios de beleza. Melhor assim.

Tolo Jagger
Citação da sessão Veja Essa, da revista Veja:
"Nós éramos jovens, bonitos e tolos. Agora somos só tolos."
Mick Jagger, líder dos Rolling Stones, comentando em Cannes o documentário sobre a gravação do clássico álbum "Exile on Main Street".